sábado, 6 de dezembro de 2008

Não gostei


Não vi com bons olhos. No mínimo me surpreendi com o que não deveria me surpreender mais. Será que ainda não cansaram de mostrar o Piauí como o estado árido, pitoresco e engraçado?


Em mais uma aparição em rede nacional, me assustei ao escutar frases no mínino instigantes. Quer uma? “O Piauí é um estado escondido e exótico”. Essa foi para o encerramento do programa Câmera Record, um especial que mostrou o quanto o nosso estado é “diferente” do resto do mundo.


Resumindo, apresentaram o Piauí como um grande interiorzão. Um lugar onde o povo fala priziaca (o que é isso?) e pau de placa (quem fala isso?). Um lugar onde o povo adora calça “pega marreca” (e tá na moda?). Um lugar onde o povo come panelada no mercado e depois vai “xenhenhenhar” (essa deu embrulho no estômago).


De “quebra”, muita estrada de chão batido, burricos no meio das ruas, laranjas e limões gigantes e um idoso que adora tomar pinga às 11 da manhã.


Não teve nenhuma ou quase nenhuma imagem urbana. Aliás, nem consegui me identificar com o contexto explorado no programa. Juro. Tá certo que rolou cajuína e opala. Mas era difícil deixar de falar nisso, né?


Quer saber o que salvou um pouco? A simpatia quase exagerada da repórter misturada a simpatia quase ingênua de todos os que foram entrevistados.


Não é questão de auto-estima. É questão de querer ver a verdade mesmo. O Piauí tem várias caras, mas a imprensa insiste em mostrar apenas uma face.


Eu sei que o que é diferente vai sempre gerar mais audiência, mas é preciso ser um pouco mais realista. Como disse o grande apresentador Marcos Hummel, o Piauí anda mesmo escondido. Acredito que em imagens clichês, quase preconceituosas.


Tudo bem, você pode ter curtido. Respeito. Não vou discutir. Mas eu juro pra você, não gostei.


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