Vai ser um dia estranho, mas tenho certeza de três coisas: o céu estará meio nublado, vou pensar mais nele e, claro, vai ter choro.
Pra falar a verdade, a ficha está caindo tão lentamente que até parece que ele só foi ali, curtir as férias que nunca teve.
Como alienada assumida, ando tentando não querer entender nada. Acordo tranqüila, consigo manter o humor no ponto certo e até mergulho concentrada no trabalho. E só pra sabotar qualquer drama que ameace aparecer, permito me presentear com uma boa música (me ajuda Nando Reis) ou mesmo com um pedacinho de chocolate. Mas amanhã, eu juro, não vou querer nem uma coisa, nem outra. Tô é precisando de colo de pai, conselho de pai, briga de pai, “carão” de pai, elogio de pai, conversa de pai, risada de pai. Será que é pedir muito?
De qualquer forma, vou visitá-lo só pra falar da saudade que sinto, afinal, nunca fiquei tanto tempo distante dele. Aliás, percebi que mesmo o tempo passando muito rápido, um mês já é tempo demais. (Como alguém consegue ficar tanto tempo longe do pai, hein?)
Ah, não sei de mais nada. Aliás, só sei de três coisas: amanhã o céu estará nublado, vou pensar mais nele e, claro, vai ter choro.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
O meu anjo do lado
(Carvalho, que também é meu anjo do lado, postou esse texto no bloguinho dele - Garoto de Blograma. Em um dia de muita gripe, com direito a nariz entupido e tudo mais, bebi essas palavras como se elas fossem um chazinho delicioso, com direito a torradinhas feitas na hora. Te amo, amigo! Me emocionei.)
"Você conhece alguém que apesar de não ser da família, nutre por ela um grande carinho e pensa que sem ela talvez seus dias fossem mais cinzas que azuis. Alguém que não dividiu com você a mesma escola, o mesmo parque e nem os mesmos amigos de infância e, ainda assim parece que esteve sempre junto.
Não sei muito se esta história de alma gêmea é verdadeira, mas acredito nos casos em que as pessoas são, por assim dizer, uma extensão da outra, embora não exista muito em comum entre elas.
Sabe, ela é aquela irmã que falta para dar um pouco mais de atenção e dizer a verdade na tua cara porque gosta muito de você, e tem certeza que você não vai se ofender por isso.
Muito do que há em nós mesmos, é resultado desta convivência positiva.Você se sente bem pra conversar, pra sorrir e até para dividir alegrias, problemas e tristezas.
Mesmo que você a magoe, ela nunca te julgará menos merecedor de sua amizade. Creio que toda pessoa queria ter alguém assim, sem máscaras, sem meias palavras e, sobretudo, sem medo de dizer que está ali ao seu lado, embora a gente nunca se dê conta de quanto isso é importante.
Sou privilegiado, não tenho muito a oferecer, mas de bom grado acato tudo que possa me fazer crescer como pessoa.Sou grato, posso dizer, tenho uma grande amiga, ela vale muito e talvez nem tenha noção de o quanto. O seu nome?Jeane. E significa: “Deus é bondoso”, no caso de tê-la como amiga, principalmente para mim.
Nada é por acaso, por isso você está aqui. Que bom.
Anjos não são pessoas, mas há pessoas que são anjos."
"Você conhece alguém que apesar de não ser da família, nutre por ela um grande carinho e pensa que sem ela talvez seus dias fossem mais cinzas que azuis. Alguém que não dividiu com você a mesma escola, o mesmo parque e nem os mesmos amigos de infância e, ainda assim parece que esteve sempre junto.
Não sei muito se esta história de alma gêmea é verdadeira, mas acredito nos casos em que as pessoas são, por assim dizer, uma extensão da outra, embora não exista muito em comum entre elas.
Sabe, ela é aquela irmã que falta para dar um pouco mais de atenção e dizer a verdade na tua cara porque gosta muito de você, e tem certeza que você não vai se ofender por isso.
Muito do que há em nós mesmos, é resultado desta convivência positiva.Você se sente bem pra conversar, pra sorrir e até para dividir alegrias, problemas e tristezas.
Mesmo que você a magoe, ela nunca te julgará menos merecedor de sua amizade. Creio que toda pessoa queria ter alguém assim, sem máscaras, sem meias palavras e, sobretudo, sem medo de dizer que está ali ao seu lado, embora a gente nunca se dê conta de quanto isso é importante.
Sou privilegiado, não tenho muito a oferecer, mas de bom grado acato tudo que possa me fazer crescer como pessoa.Sou grato, posso dizer, tenho uma grande amiga, ela vale muito e talvez nem tenha noção de o quanto. O seu nome?Jeane. E significa: “Deus é bondoso”, no caso de tê-la como amiga, principalmente para mim.
Nada é por acaso, por isso você está aqui. Que bom.
Anjos não são pessoas, mas há pessoas que são anjos."
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Te amo, pai!
É só sentir o cheiro de uma camisa azul que guardo no armário.
É só olhar um senhor usando boné.
É só encontrar os amigos dele.
É só lembrar do seu jeito amigo.
É só ver um filho abraçar o pai em uma cena de novela.
É só ver um avô com o netinho na propaganda de plano de saúde.
É só o Enzo perguntar: “Mãe, cadê teu pai?”
É só pensar como serão todas as datas “legais” de 2008.
É só tentar imaginar como será viajar sem ele na Semana Santa.
É só perceber que não terão mais os melhores conselhos, as opiniões mais acertadas e o carinho expresso por meio de inúmeros cuidados.
É só falar dele com o verbo no passado.
É só perceber que os abraços e os beijos não vão se repetir.
É só sentir a casa vazia.
É só entender que o amor é o que mais importa, até mesmo quando a saudade aumenta e o coração fica apertadinho. Te amo, pai!
É só olhar um senhor usando boné.
É só encontrar os amigos dele.
É só lembrar do seu jeito amigo.
É só ver um filho abraçar o pai em uma cena de novela.
É só ver um avô com o netinho na propaganda de plano de saúde.
É só o Enzo perguntar: “Mãe, cadê teu pai?”
É só pensar como serão todas as datas “legais” de 2008.
É só tentar imaginar como será viajar sem ele na Semana Santa.
É só perceber que não terão mais os melhores conselhos, as opiniões mais acertadas e o carinho expresso por meio de inúmeros cuidados.
É só falar dele com o verbo no passado.
É só perceber que os abraços e os beijos não vão se repetir.
É só sentir a casa vazia.
É só entender que o amor é o que mais importa, até mesmo quando a saudade aumenta e o coração fica apertadinho. Te amo, pai!
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Filho, me ensina!
Enzo fez 3 aninhos e já começa a assumir o “peso” da idade. Tem que acordar cedo e ir à escola. Daqui a pouco ele vai começar a sentir as primeiras cobranças. Vai ter prazo para entregar os desenhos coloridos, os pontinhos interligados e, ainda, terá que brincar de “lelecípe” (leia-se: velocípede) nos intervalos das aulas. Noooooossa! Que adrenalina! (Coisa mais linda da mãe!)
Olhando a turminha do Enzo, Maternal II, vejo que eu ainda poderia aprender muito. Devo ter perdido muita aula na infância. (Será que eu gripava muito? Vou perguntar pra mamãe.) Já penso em ir à escola com o Enzo no dia em que a Tia for ensinar qual o lado direito e o esquerdo. (Preciso sempre olhar para o braço do relógio e pensar alguns segundos, até me situar.) Acho que poderia participar, também, das atividades que trabalham a coordenação motora. (Será que eu tinha Lego em casa? Essa é a outra pergunta que preciso fazer para a mamãe.)
Tenho que "pedalar" (e não é de "lelecípe"...) para ser uma boa mãe de um estudante do Maternal II. Vou ver se eu evoluo um pouco com a massinha de modelar. Só sei fazer cobrinha. Vou ver se aprendo, também, a desenhar uma pessoa parecida com gente. Só sei desenhar figurinhas anoréxicas, feitas de palitinhos. (Valha!) Mais tarde, bem mais tarde, vou ter que estudar a tabuada pra não fazer feio. (Quanto é mesmo 9 x 8? Vou para a calculadora ou para os dedos. "Peraí".) Gente, e quando começarem as aulas de trigonometria? (Tô ferrada!) Aí vou ter que dizer: Filho, me ensina, por favor!
É, desculpa a ansiedade. Acabei de estrear no Maternal II. (Enzão, acho que vou dar trabalho!)
Olhando a turminha do Enzo, Maternal II, vejo que eu ainda poderia aprender muito. Devo ter perdido muita aula na infância. (Será que eu gripava muito? Vou perguntar pra mamãe.) Já penso em ir à escola com o Enzo no dia em que a Tia for ensinar qual o lado direito e o esquerdo. (Preciso sempre olhar para o braço do relógio e pensar alguns segundos, até me situar.) Acho que poderia participar, também, das atividades que trabalham a coordenação motora. (Será que eu tinha Lego em casa? Essa é a outra pergunta que preciso fazer para a mamãe.)
Tenho que "pedalar" (e não é de "lelecípe"...) para ser uma boa mãe de um estudante do Maternal II. Vou ver se eu evoluo um pouco com a massinha de modelar. Só sei fazer cobrinha. Vou ver se aprendo, também, a desenhar uma pessoa parecida com gente. Só sei desenhar figurinhas anoréxicas, feitas de palitinhos. (Valha!) Mais tarde, bem mais tarde, vou ter que estudar a tabuada pra não fazer feio. (Quanto é mesmo 9 x 8? Vou para a calculadora ou para os dedos. "Peraí".) Gente, e quando começarem as aulas de trigonometria? (Tô ferrada!) Aí vou ter que dizer: Filho, me ensina, por favor!
É, desculpa a ansiedade. Acabei de estrear no Maternal II. (Enzão, acho que vou dar trabalho!)
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Juro que não esqueci
João Hélio, juro que não esqueci. Foi dia 7 de fevereiro, né?
Meu coração ficou fechadinho. Cedo busquei notícias na internet.
A maioria das informações era da época em que você havia partido. Só vi meia dúzia de notícia atualizada. Logo a ficha caiu. (Ou melhor, o cartão de crédito passou. A imprensa só fala sobre isso agora.)
Vi que seus pais não agüentaram a dor da missa de um ano e acabaram não indo. (Aliás, como eles suportaram chegar até aqui, hein?)
Ah, tem uma notícia boa e outra ruim pra você. O que eu conto primeiro? Bem, vou começar pela boa: seis dias antes de completar um ano sem você, quatro dos culpados foram condenados a penas que ficaram entre 39 e 45 anos. Agora vem a notícia ruim: o quinto sem coração, que na época do crime era adolescente, cumpre medida socioeducativa. (Socio o que? Me canso disso... São “ingênuos” para umas coisas e espertíssimos para outras.)
Desculpa, João Hélio, acho que, o que eu acabei de “falar”, nem deve interessar tanto. “Digo”muita bobagem. Você está acima disso tudo. Mas o que contar a um anjo?
Ah, me faz um favor... (Se não for abusar muito da sua fofura!) Procura meu pai por aí... Não sei onde ele está exatamente, mas não deve ser difícil localizar. Ele chegou aí no dia 29 de janeiro de 2008, às 6h40. O nome dele é Francisco e ele ama criança. Quer ser amigo dele? Caso o encontre, dê um beijinho nele por mim.
Aproveite para comer muito algodão doce com ele. Sempre penso que as nuvens, além de lindas, são gostosinhas.
Beijinhos, João Hélio.
Meu coração ficou fechadinho. Cedo busquei notícias na internet.
A maioria das informações era da época em que você havia partido. Só vi meia dúzia de notícia atualizada. Logo a ficha caiu. (Ou melhor, o cartão de crédito passou. A imprensa só fala sobre isso agora.)
Vi que seus pais não agüentaram a dor da missa de um ano e acabaram não indo. (Aliás, como eles suportaram chegar até aqui, hein?)
Ah, tem uma notícia boa e outra ruim pra você. O que eu conto primeiro? Bem, vou começar pela boa: seis dias antes de completar um ano sem você, quatro dos culpados foram condenados a penas que ficaram entre 39 e 45 anos. Agora vem a notícia ruim: o quinto sem coração, que na época do crime era adolescente, cumpre medida socioeducativa. (Socio o que? Me canso disso... São “ingênuos” para umas coisas e espertíssimos para outras.)
Desculpa, João Hélio, acho que, o que eu acabei de “falar”, nem deve interessar tanto. “Digo”muita bobagem. Você está acima disso tudo. Mas o que contar a um anjo?
Ah, me faz um favor... (Se não for abusar muito da sua fofura!) Procura meu pai por aí... Não sei onde ele está exatamente, mas não deve ser difícil localizar. Ele chegou aí no dia 29 de janeiro de 2008, às 6h40. O nome dele é Francisco e ele ama criança. Quer ser amigo dele? Caso o encontre, dê um beijinho nele por mim.
Aproveite para comer muito algodão doce com ele. Sempre penso que as nuvens, além de lindas, são gostosinhas.
Beijinhos, João Hélio.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Apenas o perdemos de vista
Foram meses de aprendizado que valeram por uma vida inteira.
Teve o capítulo do desespero, da calmaria, da luta, do medo, e um bem longo que mostrou na prática o que era fé e resignação.
Hoje, sem ele, vivemos aquela parte que diz que a saudade é grande, mas a vida continua.
Meu pai é o personagem principal disso tudo. Hoje sinto que não chegamos nem a viver um longa-metragem. O tempo sempre voa. Não deu nem para comer o saquinho de pipoca inteiro.
Mas vale dizer que ele foi herói em todas as horas nesse roteiro. Acho até que nem precisava ser tão forte. Mas ele, como um bom FRANCISCO, agüentou com tolerância, paciência e simplicidade todas as dificuldades.
Papai era assim mesmo. Um bom FRANCISCO. Gostava de ser amigo, de ajudar, de aconselhar, de confiar, de trabalhar, de valorizar, de amar a todos e de cuidar bem da família. Nós éramos seu tesouro.
Acredito que quem conheceu meu FRANCISCO vai achar que a vida vai seguir esquisita demais.
Me emociono sempre com o estilo de viver do meu Pai. A doença pôde tirar dele a energia de seguir semeando sua simplicidade, mas, sem dúvida, a doença deu a ele a oportunidade de fazer uma colheita valiosa de amor e gratidão.
E teve a vizinha que não deixava faltar bolinhos de queijo arrumados delicadamente em uma travessinha, e uma outra que levava as folhinhas do chazinho preferido, e ainda aquele amigo que não sabia o que fazer para ajudar – um dia, após insistir muito, foi cuidar dele no hospital. Teve até o que ficou com a árdua tarefa de deixá-lo bem no caixão. Foi o último pedido.
Senti o verdadeiro amor desabrochar por meio do silencio, dos abraços, dos inúmeros telefonemas, das orações, das visitas que vinham de longe, do carinho dos vizinhos e do adeus que uniu dezenas de pessoas na pracinha que o papai tanto gostava.
Também não posso esquecer de um carinho vindo pela internet.(Meu pai, aliás, nunca entendeu direito essa tal de internet.) Chorei ao ler a cartinha do nosso Rômulo, filho da Fatinha, garoto de 20 anos que na época estudava em Campinas. Papai, que ainda estava juntando forças para reagir ao câncer, chorou também. Hoje acho que é isso o que tem que ficar.
Agora, na dor, sofro pela perda, mas agradeço a Deus por Ele ter enviado o meu FRANCISCO.
Obrigada, Pai! Sei que apenas o perdemos de vista.
Meu FRANCISCO, por favor, continue cuidando da gente!
Teve o capítulo do desespero, da calmaria, da luta, do medo, e um bem longo que mostrou na prática o que era fé e resignação.
Hoje, sem ele, vivemos aquela parte que diz que a saudade é grande, mas a vida continua.
Meu pai é o personagem principal disso tudo. Hoje sinto que não chegamos nem a viver um longa-metragem. O tempo sempre voa. Não deu nem para comer o saquinho de pipoca inteiro.
Mas vale dizer que ele foi herói em todas as horas nesse roteiro. Acho até que nem precisava ser tão forte. Mas ele, como um bom FRANCISCO, agüentou com tolerância, paciência e simplicidade todas as dificuldades.
Papai era assim mesmo. Um bom FRANCISCO. Gostava de ser amigo, de ajudar, de aconselhar, de confiar, de trabalhar, de valorizar, de amar a todos e de cuidar bem da família. Nós éramos seu tesouro.
Acredito que quem conheceu meu FRANCISCO vai achar que a vida vai seguir esquisita demais.
Me emociono sempre com o estilo de viver do meu Pai. A doença pôde tirar dele a energia de seguir semeando sua simplicidade, mas, sem dúvida, a doença deu a ele a oportunidade de fazer uma colheita valiosa de amor e gratidão.
E teve a vizinha que não deixava faltar bolinhos de queijo arrumados delicadamente em uma travessinha, e uma outra que levava as folhinhas do chazinho preferido, e ainda aquele amigo que não sabia o que fazer para ajudar – um dia, após insistir muito, foi cuidar dele no hospital. Teve até o que ficou com a árdua tarefa de deixá-lo bem no caixão. Foi o último pedido.
Senti o verdadeiro amor desabrochar por meio do silencio, dos abraços, dos inúmeros telefonemas, das orações, das visitas que vinham de longe, do carinho dos vizinhos e do adeus que uniu dezenas de pessoas na pracinha que o papai tanto gostava.
Também não posso esquecer de um carinho vindo pela internet.(Meu pai, aliás, nunca entendeu direito essa tal de internet.) Chorei ao ler a cartinha do nosso Rômulo, filho da Fatinha, garoto de 20 anos que na época estudava em Campinas. Papai, que ainda estava juntando forças para reagir ao câncer, chorou também. Hoje acho que é isso o que tem que ficar.
Agora, na dor, sofro pela perda, mas agradeço a Deus por Ele ter enviado o meu FRANCISCO.
Obrigada, Pai! Sei que apenas o perdemos de vista.
Meu FRANCISCO, por favor, continue cuidando da gente!
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