domingo, 3 de fevereiro de 2008

Apenas o perdemos de vista

Foram meses de aprendizado que valeram por uma vida inteira.

Teve o capítulo do desespero, da calmaria, da luta, do medo, e um bem longo que mostrou na prática o que era fé e resignação.

Hoje, sem ele, vivemos aquela parte que diz que a saudade é grande, mas a vida continua.

Meu pai é o personagem principal disso tudo. Hoje sinto que não chegamos nem a viver um longa-metragem. O tempo sempre voa. Não deu nem para comer o saquinho de pipoca inteiro.

Mas vale dizer que ele foi herói em todas as horas nesse roteiro. Acho até que nem precisava ser tão forte. Mas ele, como um bom FRANCISCO, agüentou com tolerância, paciência e simplicidade todas as dificuldades.

Papai era assim mesmo. Um bom FRANCISCO. Gostava de ser amigo, de ajudar, de aconselhar, de confiar, de trabalhar, de valorizar, de amar a todos e de cuidar bem da família. Nós éramos seu tesouro.

Acredito que quem conheceu meu FRANCISCO vai achar que a vida vai seguir esquisita demais.

Me emociono sempre com o estilo de viver do meu Pai. A doença pôde tirar dele a energia de seguir semeando sua simplicidade, mas, sem dúvida, a doença deu a ele a oportunidade de fazer uma colheita valiosa de amor e gratidão.

E teve a vizinha que não deixava faltar bolinhos de queijo arrumados delicadamente em uma travessinha, e uma outra que levava as folhinhas do chazinho preferido, e ainda aquele amigo que não sabia o que fazer para ajudar – um dia, após insistir muito, foi cuidar dele no hospital. Teve até o que ficou com a árdua tarefa de deixá-lo bem no caixão. Foi o último pedido.

Senti o verdadeiro amor desabrochar por meio do silencio, dos abraços, dos inúmeros telefonemas, das orações, das visitas que vinham de longe, do carinho dos vizinhos e do adeus que uniu dezenas de pessoas na pracinha que o papai tanto gostava.

Também não posso esquecer de um carinho vindo pela internet.(Meu pai, aliás, nunca entendeu direito essa tal de internet.) Chorei ao ler a cartinha do nosso Rômulo, filho da Fatinha, garoto de 20 anos que na época estudava em Campinas. Papai, que ainda estava juntando forças para reagir ao câncer, chorou também. Hoje acho que é isso o que tem que ficar.

Agora, na dor, sofro pela perda, mas agradeço a Deus por Ele ter enviado o meu FRANCISCO.
Obrigada, Pai! Sei que apenas o perdemos de vista.

Meu FRANCISCO, por favor, continue cuidando da gente!

4 comentários:

Anônimo disse...

eita força, fiquei emocionadíssima e com certeza o Francisco fez com muito amor essa Jeane linda, simples, transparente e amiga!
te amo!

AlineNeves disse...

fecha os olhos, ele vai estar sempre lá.

Anônimo disse...

Foi para esses momentos que vinhemos, para dar valor aos que amamos. Continue a fazer bonito, pois agora seu pai espera mais do que nunca os resultados daquilo que ensinou a seus filhos. Melhor que nascer para viver o amor, deve ser partir deixando o amor vivo.

Anônimo disse...

tá bem ali, do outro lado da curva, tenho toda certeza do mundo.

um pai assim é um pai pra sempre.

amo tu, mãezinha. só pensamentos luminosos pra esse coração tão querido!