sexta-feira, 23 de maio de 2008

Obrigada, Doutora Amariles Borba!

Por ajudar a fortalecer a minha fé na Santa Paciência.

Por me provar que “quem espera sempre alcança.”

Por me fazer ver que nem sempre é possível “vencer pelo cansaço”.

Por aumentar a minha descrença nas leis que regem o nosso País. Principalmente aquela que diz que crianças e idosos é sempre prioridade. Especialmente quando tiverem doenças crônicas, como é o caso do diabetes tipo 1.

Por ajudar a fortalecer o estereótipo de insensibilidade de muitos gestores que cuidam da coisa mais linda e sagrada que existe: a vida das pessoas.

Por colaborar com o meu entusiasmo pelo trabalho para poder manter financeiramente a pesada rotina de insulinas e glicemias. Sem economia. Quantas vezes forem necessárias.

Obrigada, especialmente, por me fazer refletir sobre o tempo e sobre a fé. A última vez que pedimos a medicação do meu Enzo foi em Novembro de 2007. Só no dia 21 de maio de 2008, GRAÇAS A DEUS, meu filho de 3 anos, diabético desde os 9 meses de vida, recebeu aquilo que é dele por direito. Sim, seis meses depois. É assim que o SUS e a Fundação Municipal de Saúde garantem o direito das crianças. Isso quer dizer que, nesse ritmo, meu filho receberá medicação apenas 2 vezes por ano.

Daria para ele ter tido cetoacidose, hipoglicemias severas e hiperglicemias que, a longo prazo, poderia resultar em cegueira, insuficiência renal, amputação de membros e mais um tanto de mazelas terríveis. Daria para ele ter “ajudado” a “onerar” os cofres públicos com dezenas de internações. DARIA PRA ACONTECER COISA MUITO PIOR QUE ISSO, SABIA? Mas Deus é maior que tudo isso.

Minha indignação é tão grande quanto o tempo que a gestora do SUS em Teresina, Dra. AMARILES BORBA, que mora no mesmo prédio que eu moro, leva para viabilizar a medicação de quem é amparado por uma lei justa, que não discrimina, mas que não é praticada.

Vale lembrar que antes da lei Nº 11.347 passar a valer de fato, o que aconteceu em setembro de 2007, já havia acionado o MINISTÉRIO PÚBLICO. A partir daí foi firmado um acordo entre a Promotora Denise Aguiar e o Secretário de Saúde do Município, Dr. João Orlando. Na prática, PASSAMOS A RECEBER A MEDICAÇÃO, SÓ QUE SEM REGULARIDADE ALGUMA. O fato é que O DIABETES NÃO ESPERA. MATA MESMO. E mais: é epidemia. Isso quer dizer que a demanda só vai aumentar.

Por último agradeço a Deus pela força e rezo pelos pais de crianças diabéticas que não tem sequer cultura para reivindicar os direitos dos filhos.

E A GENTE SEGUE COM MUITA FÉ.

OBRIGADA POR TER LIDO O MEU DESABAFO.

4 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente a realidade da saúde no nosso pais só pode ser expressada por desabafos como o seu, mas como você mesma disse, Deus olha sempre por nós!precisando tamo aqui... abraços

Pádua Carvalho disse...

Há que se chegar um dia em que as pessoas sairão de seus pedestais idolatrados e se sentirão mais humanas, afinal nossa realidade é diferente daquelas pessoas que se julgam inatingíveis. Venceremos, mesmo com essas pedras no caminho, nesse caso, um pedregulho, então vamos passar por cima dele. abraços.

André Gonçalves disse...

é mesmo uma vergonha.
precisamos desabafar mais vezes.

F3rnando disse...

Saúde nesse país virou caso de polícia e de política. O povo, que faculta o poder pra ser beneficiado por ele mais adiante, esse que se exploda. Os burocratas não têm mãe, o Enzo tem.